pasárgada minha

vou-me embora para pasárgada
lá sou amigo do rei...
decoro meu apartamento como quero
e tenho uma faxineira que vai todas as terças-feiras

vou-me embora para pasárgada
porque eu não sou daqui

lá me sinto uma folha branca de caderno
onde cada virar de página
é uma nova história para contar

novas pessoas para ouví-las,
ah! eu não sou daqui mesmo...

mas de que lugar eu sou?
de onde vim
de lugar nenhum
ou de todos?

vou-me embora para pasárgada,
enfim...

o trem já vai partir
e eu olho,
novamente,
para minhas mãos
e a moedinha entre meus dedos...
é cara ou coroa?
cara: paris; coroa: zurique

deu cara!

fui-me embora para paris...
e de lá mando um postal,
em francês,
para os amigos do rio