20140915

talvez


talvez seja o certo:
não nos encontrarmos agora,
não nos encontrarmos de novo,
não nos encontrarmos nunca mais

talvez a gente fosse se apaixonar,
perdidamente
e talvez chegássemos a cometer
loucuras inconseqüentes

e talvez perdêssemos 
quem mais amamos
nessa vida

e nos perdêssemos também...

e juntos,
e sós,
não nos encontraríamos
jamais

uma lágrima


eu deixarei que morra em mim
a vontade de te querer...

terça-feira vermelha

há sempre uma imagem
essa imagem vaga:
uma de mim

há sempre um giro,
uma dança,
enfim...

há sempre um ar,
um não-sei-quê de afogada

faço uma cara de lânguida:
de repente, se tem mais nada

20140826

esperança

pronto.

caminhei.
e finalmente, encaminhei-me até aqui.
agora, cá estou.

agora?

agora, nada.

é quente. nada vejo. nada ocorre.
não bate mais o vento.
aqui, não circula o ar.

agora, aqui no olho.

sento-me, à espera.
levanto-me, à espera.

tudo aconteceu-me até aqui...

agora, é esperar.

talvez, o giro das coisas adquira todo um rumo novo.

talvez: há de esperar!

sento-me.

os sons mudam-me; e à tudo, de lugar.

tudo pára: um instante, uma pausa.

olho-me: uma imutável mutante;
o sol bate-me: a pele arde.

vem mudança: (im)preciso tanto de ti.