20070208

sangue frio


a lua
e a porta
aberta
inteira
reta
chama
grita
vocifera
"vem!"

o ódio
em mim
rege
horror
e a porta
aberta
escancara
impera

esperneio
me debato
me seguro
grito
calo
choro
"não quero!"

a porta
aberta
chance
da vida
ferida
querida
amarga
banal
"que vida?"

lamento
rogo
oro
revolto-me

cansado
de guerra
me entrego
à terra
e a voz
que não sai:
"já era!"

me larga!
me deixa!
me solta!
te imploro
te impeço
te exploro

e a faca
caída
o sangue
no quarto
o crime
no chão
meu choro
no colo
tudo
clama
"corre!"

e o barulho
da sirene
a angústia
na carne
o sufôco
de paixão
minha pele
arde

a porta
aberta
impele
clama
convence
conclama
e se derrama
pelas minhas pernas
vem
sobe
abre
machuca
dói
"ai!"

a luz muda
da rua
no riso
desesperado
de quem foge
desgraçado

Nenhum comentário: